Quando vi na minha escala o treinamento pro Buzz Complex, na tomorrowland, nem acreditei!!! Tava dando tudo pra sair do Quick Service, principalmente porque o pessoal legal de lá (CPs) tavam indo embora, e eu iria começar a fechar todo dia, ou quase todo dia!! Entao quase chorei quando vi na minha escala que eu realmente ia pra attractions.Trabalhei em 5 brinquedos: TTA, Astro Orbiter, Carroussel of Progress, Stitch e Buzz.
No treinamento nós aprendemos a abrir todos os brinquedos, temos uma checklist gigaaante que temos que seguir TODOS os passos!! Começamos às 7h quando o parque abre às 9h. É muita informação, e graças a Deus eu nunca tive que abrir nenhum brinquedo, porque não ia saber, hehehehe!! Principalmente o Buzz, que era o mais complexo de todos! Mas os CPs e ICPs quase nunca abrem, só os full time, o que eu acho ótimo.
No 1º dia de treinamento, além de abrir, trambém aprendemos as posições Load 1 e load 2 do Buzz. O Load 1 é muito fácil, é só verificar as pessoas entrando nos carrinhos, dizer pra elas terem cuidado na hora de pisar na esteira e não deixar eles subirem nos carrinhos cobertos, porque estão estragados. Mesmo sendo meio óbvio que os carrinhos cobertos estão estragados, os guests não se tocam disso e 99,9% deles querem subir neles. Além disso, eles não prestam atenção no que você diz, então várias vezes eu tinha que gritar muitas vezes pro guest não ir naquele carrinho, e algumas vezes tinha até que parar a ride e fazer ele descer.
Era uma posição bem fácil, só tinha que ter um pouco de atenção com os carrinhos cobertos. Chegou uma época que eu já não falava mais nada, quando vinha um carrinho coberto eu simplesmente colocava o braço na frente do guest e não deixava ele pisar na esteira rolante. Se ele me olhasse com cara de bravo ou de ponto de interrogação eu dizia que aquele carrinho tava quebrado e pronto.
E o Load 2. É ali que você liga e desliga todo o brinquedo. E também é a pessoa que tem que fechar a porta do carrinho. Isso era meio chato, meio repetitivo, mas eu não reclamava muito. Tinham posições bem piores que aquela. Quando a ride parava, o Load 2 era obrigado a falar no microfone que o brinquedo parou e dizer pros guests permanecerem sentados. Quando a ride ia voltar a funcionar ele também tinha que anunciar no microfone, pra permanecerem sentados que a ride ia começar imediatamente.
Tem um spiel certinho pra gente falar, mas quando eu tava de mal humor só falava o básico mesmo. O load 2 só faz o spiel que a ride vai voltar a funcionar depois que recebe o sinal do load 1 e do unload de que ta tudo ok. E depois do spiel, ele tem que re-ligar a ride e voltar a fechar as portas dos carrinhos. Na 1ª vez que eu fiz essa posição no treinamento fiquei morrendo de medo, achando que não ia conseguir. É muito botao pra apertar na hora de religar a ride, eu achava que nunca ia lembrar a sequencia certa!! A 1ª vez sozinha foi super tensa!!! Mas deu tudo certo, e com o tempo eu vi que não era nenhum bicho de 7 cabeças, até gostava! Só era ruim quando tinha um CM incompetente no Load 1, que não fazia nada, aà eu tinha que parar a ride toda hora porque os guests subiam nos carrinhos cobertos.
No Buzz ainda tem as posições Unload 1 e Unload 2. (As posições de fastpass e greeter eu falo no próximo post, porque são mais genéricas pra todas as attractions). O Unload 1 só tem que ficar ali verificando o pessoal sair dos carrinhos, vendo se ninguém esqueceu nada (o que acontecia muito), era bem fácil.
E o Unload 2 era o responsável pelas cadeiras de rodas, que entravam no brinquedo por ali. Tinha um carrinho especial pra cadeira de rodas, e temos que esperar o carrinho chegar, abrir a porta dele (a porta se desdobra até o chão e vira uma rampa), colocar a cadeira de rodas dentro, fechar a porta e acomodar o resto da famÃlia nos carrinhos de trás, tudo isso sem parar o brinquedo e antes da esteira acabar!! No começo eu tinha medo dessa posição, tinha medo de não dar tempo, então sempre parava o brinquedo, não tava nem aÃ. Depois eu vi que não era tão difÃcil, e conseguia fazer só dando um “slow†na esteira.
(Em todas as posições – Load 1, Load 2, Unload 1 e Unload 2 – a gente ficava com um controle na cintura com 2 botoes, 1 pra parar o brinquedo e outro pra fazer a esteira andar mais devagar.)
Bom, os 2 Unloads eram tranquilos (tirando o dia que eu tava de Unload 2 e vieram umas 7 cadeiras de rodas ao mesmo tempo, mas isso foi só uma vez, geralmente é tranqüilo), o único problema é que quando tava understaffed (faltando gente pra trabalhar), colocavam só o Unload 1, e ele tinha que fazer tudo!!! Aà era meio complicado, mas também nenhum bicho de 7 cabeças.
No dia seguinte foi o TTA. (Pra quem nao sabe, o TTA é aquele trenzinho que anda em cima da tomorrowland.) Abrimos, foi legal que percorremos todo o trajeto do TTA, andamos na ride e depois fomos fazer as posições, Load, Unload e greeter. No treinamento parecia ser legal, mas depois eu odiei, o TTA é o pior brinquedo pra trabalhar!!! Só a posição de greeter que não é tão ruim, era só ficar ali dando informações e não deixando ninguém entrar com comida e bebida.
No TTA também tinha uma esteira rolante, igual ao Buzz, onde as pessoas pisavam pra depois entrarem no carrinho. E nós também tÃnhamos um controle que dava pra parar a ride (não tinha “slowâ€), mas no TTA nós não podÃamos ficar parando sempre igual no Buzz. Porque o brinquedo é muito velho, é de 1971, e se parássemos, corria o risco de na hora de religar ele não voltasse a funcionar, e aà terÃamos que evacuar todo mundo. Então a instruções que nós tÃnhamos era de parar só se vÃssemos que o guest ia cair, caso contrário não.
Então eu me estressava muito com aquelas famÃlias de 10 pessoas que resolviam decidir quem ia com quem quando já tavam ali na esteira na frente do carrinho. Ficava mó tumulto ali, a esteira quase acabando, nossa, era um stress total, pior posição do universo!!!
Mas, na sucessão de merdas que aconteceram no meu 1º dia depois do treinamento foi ter parado o TTA pra um guest idoso que tinha dificuldade de andar. Eu não poderia ter feito isso, podia ter ajudado ele (eles sempre tem medo de pisar na esteira, mas é só ajudar que eles conseguem), mas ele perguntou se poderia parar a esteira e eu disse que sim. E aconteceu o que eu disse ali em cima, o brinquedo não funcionou e tivemos que evacuar. Depois que eu percebi a merda que tinha feito, quando a manager veio me perguntar eu disse que o guest ia cair, por isso parei a ride, hahahaha!!!
No outro dia foi o Astro Orbiter. Muito fácil abrir, muito fácil as duas posições que tem, Astro Top e Astro Bottom. Muita gente não gostava do Astro, mas eu adorava trabalhar lá. No astro bottom, só tÃnhamos que perguntar quantas pessoas na famÃlia e dizer a quantos foguetes a famÃlia tinha direito (geralmente eram 2 pessoas por foguete), até completar os 12 foguetes que o brinquedo tem e coloca-los no elevador. Muito fácil.
Já no Astro Top, é só esperar o pessoal entrar no foguete, ligar, e quando acabar, mandar os guests pra baixo de novo no elevador. Era muito legal, eu nem via o tempo passar ali. Só era ruim quando tava muito sol, lá era muito quente, e no frio deve ser pior ainda, muito vento. Mas era divertido. Eu só me irritava quando o Astro Bottom não fazia o trabalho direito e acabava mandando lá pra cima mais gente que a capacidade. Os foguetes eram muito apertados, então pra quem é mais gordinho, ou muito alto, o ideal é deixar um foguete só pra pessoa, mas não, tinha gente que alocava 1 foguete pra 2 gordinhos, ai não cabia e eu que ficava com cara de tacho ali!!!! Isso era realmente chato, mas acontecia mais quando o CM era novato. Aconteceu isso uma vez comigo (tava no astro bottom e mandei gente a mais pra cima), depois sempre deixava 1 foguete sobrando por garantia.
Eu gostava de fazer magical moment no Astro Top. Porque enquanto os guests estavam entrando no foguete, tinham outros esperando. Então eu sempre pegava uma criança e fazia ela fazer o “lançamento†pelo microfone: “3, 2, 1, blast off!!â€. Nossa, as crianças adoravam e os pais mais ainda. Filmavam, pediam pra tirar foto comigo, era o máximo. Eu e alguns outros brasileiros sempre fizemos esse magical moment. AÃ, quando começou o Year of a Million Dreams, ele virou “oficialâ€, e todos os cast members eram obrigados a fazer.
Depois foi o Carroussel of Progress. O dia do treinamento foi muito legal. Com a minha treinadora estava só eu (porque os outros 2 treinees tinham faltado) e tinha mais uma treinadora com uma trainee. Essa outra treinadora tava com uma câmera e queria subir no palco e tirar foto com o cenário. Teoricamente isso é proibido, mas nós fomos lá e subimos, na ultima cena do Carrossel. Foi legal ver o pai que fica atrás de um balcão e só dá pra ver da cintura pra cima, fomos lá atrás e vimos que ele não tem perna, é um monte de fio bizarro!!! (Estilo William Bonner no Jornal Nacional). Aproveitei e tirei uma foto com o cachorro do cenário. Mas foi na câmera dessa treinadora, então eu nunca peguei essa foto.
No COP (sigla do carrossel) tinham 2 posicoes, turnstiles e monitor. As duas eram fáceis, mas eu gostava mais de Monitor. Nessa posição eu só tinha que fazer um spiel de 90 segundos antes do show começar, muito fácil. E antes do spiel, eu ficava um tempão sem fazer nada, só esperando as pessoas entrarem. Quando tava de bom humor ficava fazendo brincadeirinhas no microfone, cantando parabéns e tal. Quando tava de mal humor só fazia o spiel obrigatório mesmo: “Good morning ladies and gentlemens, welcome to the Walt Disney`s Carroussel of Progress. Please remain seated at all times, the teather does rotate. And also, there’s no eating, drinking, smoking, photographies or videotaping. Thank you and enjoy the show.
Tem um tempo certo pra fazer esse spiel, porque logo depois já começa o show. No meu assessment eu tava meio nervosa e errei o tempo, comecei antes e terminei bem antes do que deveria terminar. Fiquei morrendo de vergonha. Mas depois eu vi que é muito fácil, só esperar uma luz acender na sua cara e começar.
A posição turnstiles é bem tranqüila também, mas no começo eu não gostava. Você tem que ficar ali, deixando os guests entrar, e quando ouvirmos um apito que a catraca faz num determinado tempo, temos que ficar atentos porque falta pouco tempo pras portas se fecharem e não podemos mais deixar os guests entrarem.
Diferente do Stitch, que nós temos o controle das portas, no COP nós não temos, é automático mesmo, porque o brinquedo gira, e se não fecharmos a fila na hora certa o guest perde o começo do show e o brinquedo pode até começar a girar com o guest ali na porta, o que é super perigoso! Eu odiava essa posição no começo porque nunca conseguia ouvir o maldito apito da catraca, e tinha medo de fechar a fila na hora errada. Então sempre fechava muuuito antes do que deveria, hahahaha, mas não tinha muito problema, melhor prevenir do que remediar. Mas depois eu entendi o esquema dos apitos da catraca e tudo ficou mais fácil.
E finalmente o Stitich, esse sim era o melhor brinquedo pra se trabalhar!!!! A única posição que eu não gostava muito era turnstiles. Quando o parque tava vazio era tranqüilo, mas quando tava cheio era meio estressante. É que o brinquedo do Stitch tem 132 lugares, então não podemos deixar mais gente entrar, senão ficam sem lugar pra sentar e não assistem ao show. Ali no console, ao lado da catraca tem um contador, que cada vez que alguém passa diminui 1.
A minha 1ª vez nas turnstiles, ainda treinando, fiz um overload (pus mais gente que a capacidade) de umas 10 pessoas. Me desorientei ali e quando eu vi já tinha passado, e agora não dava mais pra fazer voltarem. Depois disso, eu nunca deixava mais de 120 pessoas entrarem, por segurança (se eu por acaso não visse alguma famÃlia entrar não teria problema, eu ainda tinha 12 lugares). E quando chegava nos 105, 110, eu já começava a parar a fila e ia perguntando quantas pessoas tinha naquela famÃlia, pra ver se podia ou não entrar.
Quando os fastpass não estavam funcionando era tudo fácil. Mas quando tinha fastpass, ninguém merece!!! Porque era gente entrando dos dois lados, em 2 catracas e o contador indo à loucura. E eu indo mais ainda! De agosto a novembro, foram poucos os dias que o fastpass do stitch abriu. Porque como a cada 5 minutos nos colocávamos umas 120 pessoas pra dentro, a fila nunca era muito grande.
A melhor posição de todas era o Briefing Room. Você não faz absolutamente NADA, e ainda fica no ar condicionado (no meu caso, que tava lá no verão, mas no caso dos ICPs ali vai ser o lugar quentinho). O Briefing Room é um pré-show. Tudo que você tem a fazer é esperar os guests entrarem, mandar eles pararem na linha vermelha que tem no chão, contar quantas cadeiras de rodas tem ali e SÓ!! Depois que o briefing acaba, você só tem que acompanhar os guests até a chamber, que é onde vai ser o show mesmo. Como o briefing dura uns 4 minutos e a breakroom é ali do lado, eu sempre ficava lá, tomava uma água, dava uma sentada no sofá, conversava um pouquinho, depois voltava. Sem dúvida a melhor posição de toda a tomorrowland!
A 2ª melhor posição era a chamber, que é o “teatro†onde o show acontecia mesmo. Eu andava com uma lanterna, porque a chamber é escura e adorava isso!! Esperava os guests entrarem, mandava todos irem “aaaalll the way down, filling all avaiable seats†(hahaha no ICP eu via o pessoal falando isso, era meu sonho falar também!!!). Depois de todos os guests devidamente acomodados – o que as vezes demorava, porque sobravam 3 guests e 3 cadeiras, uma em cada canto da sala porque ninguém ia all the way down, e os guests também não queriam sentar separados. Nesses casos eu ia com a lanterna bem na cara do infeliz que não foi all the way down e mandava ele se mexer. Enfim, depois que todos estavam sentados eu ligava o brinquedo. E tinha que apertar um botão verde – maldito botão verde – que até hoje eu não sei pra que serve, mas se não apertarmos esse botão o brinquedo pára.
Depois disso era só sentar e esperar acabar. 10 minutos sentada ali no bem bom do ar condicionado. Muitas vezes eu dava umas cochiladas, ou ficava mandando mensagem de celular, era uma maravilha. Tinha CM que até saÃa da sala e ia pra breakroom, mas isso eu não tinha coragem de fazer. Porque à s vezes algumas crianças choravam e queriam sair no meio do show, e eu tinha que tirar. Imagina se uma criança começa a chorar e não tem nenhum cast member ali pra tirar ela, vai ter que continuar vendo aquilo que ta amedrontando ela, imagina o trauma da criança!!! Ou então à s vezes tinham uns claustrofóbicos que também queriam sair no meio do show… Imagina se a pessoa tem um treco ali porque ninguém a tirou dali de dentro!!
Era tudo muito maravilhoso se o cast member da catraca não mandasse overload pra você. Porque se um guest fica sem lugar…. nossa, a casa cai!! Ele te xinga de tudo quanto é nome, com razão, e você não pode fazer nada. O guest é obrigado a assistir o briefing room de novo e entrar na outra chamber (sim, são 2). Com um guest a mais na outra chamber, mais um vai ficar de fora. Isso gera um efeito dominó, não sei se deu pra entender o rolo que é.
No meu 1º dia sozinha, depois do meu treinamento, eu tava lá na chamber do Stitch, ajudando 3 cadeiras de roda a entrarem ali no lugar reservado pra elas. O show começou, e uns 3 minutos depois parou tudo e acenderam as luzes. Na hora fiquei super assustada, ficou todo mundo olhando pra mim, eu não sabia o que fazer!! Foi desesperador. Anunciei no microfone que estávamos tendo dificuldades técnicas e que todos ganhariam fastpasses pra voltar a hora que quisessem. Eles não ficaram muito felizes com isso não. Porque são 8 minutos de pré-show (4 de briefing e 4 de um pré-show antes do briefing) e 10 do show em si, e eles teriam que assistir tudo de novo.
Nossa, foi horrÃvel, fiquei morrendo de vergonha, os guests achavam ruim comigo e eu não sabia o que dizer. Mas com o tempo aprendi a ficar melhor nessas situações. Bom, pra completar a minha vergonha que já era total com os guests, ficou ainda maior com os managers quando eu descobri que a culpa de o brinquedo ter parado foi toda minha!! Enquanto tava lá ajudando as cadeiras de rodas, o show começou (eu poderia ter pausado, mas esqueci) e eu esqueci de apertar O MALDITO BOTÃO VERDE!!!! Também, depois desse dia eu nunca mais esqueci!!! Aconteceu de novo de o brinquedo parar comigo, mas aà foi por problemas técnicos mesmo, nunca mais pelo botão verde.
Bom, o fato é que quando uma das chambers do Stitch para, vira o caos. Porque não dá pra simplesmente religar o show, como acontece no Buzz, a manutenção tem que ir lá, olhar, arrumar, demora um tempão. Enquanto isso, ficamos só com uma chamber funcionando. Então, ao invés de o show ser a cada 5 minutos, passa a ser a cada 10 minutos. Ou seja, a fila aumenta e o tempo de espera também. Além disso, os guests que tavam no Briefing Room prontos pra entrar tem que assistir de novo. É o caos total por causa de um simples botão.
Mas enfim, fora isso, é a melhor ride de todas pra se trabalhar!!! Amei, morro de saudades, morro de vontade de voltar praquelas chambers. Pro Briefing Room mais ainda!! Só pro TTA que eu não tenho muita vontade, hahaha!!
Ficou meio grande esse post né? Foi mal… o próximo acho que vai ser menor, mais genérico sobre operations e falando um pouquinho do meu treinamento. Se alguém tiver dúvidas, perguntem aà nos comentários que eu respondo nos próprios comentários.
Beijos a todos.